24 de maio de 2012

Simplesmente Tita - Cap 79 - Perdendo a direção! (4ª TEMPORADA)



Perdendo a direção!

Eu já agia como uma legítima vileira usando as calças de cós baixo mostrando quase tudo, faixa na cabeça com um rabo de cavalo embutido as duas trancas com rabicós coloridos, troquei meu allstar por uma praga chulezenta com cadarços soltos e levava broncas feias da diretora, sempre em frente ao colégio na hora da entrada.

-Da próxima vez que vier a aula vestida assim vai levar ocorrência (vulgo para memorando), ouviu bem, mocinha?

Se antes livros e cadernos eram minha segunda família, tornaram-se apenas peso na mochila. Van e eu, quando entrávamos para assistir as aulas, grudávamos nossas carteiras para ouvir funk, pagode e rap, zoávamos com a cdf da Andréa e normalmente saíamos antes do 3º horário para fumar maconha no banheiro e sair tocando o horror no centro da cidade.

Às escondidas eu escrevia um versetos de rap. Van odiava ler, Gui recriminou por não ser rock, o que nos aproximou um pouco a ponto de acertar as contas e, segundo ele, não faríamos nada que não houvesse mútuo consenso.

Em contrapartida, conviver excessivamente com Van estava me irritando. Eu era uma fracote e tanto porque queria ao menos uma noite de sono sem tum-tum de funk, fumaça de baseado e cheiro de suor com cerveja nem manos tarados batendo no meu traseiro.

Vanessa extrapolava com seus abusos fisiológicos. Até para soltar pum tinha seus limites. No início era engraçado, porém tornou-se inconveniente e deselegante. Ao menos concordava com Meire em alguns aspectos.

-Ai Van, que nojo. Isso fede. – Van erguia as pernas e lançava aquele rojão

-Fala isso como se peidasse perfume. – ria

-Só acho que determinadas coisas eu não preciso saber. – curta e grossa

Van torcia o nariz para Cricri e o chutou quando ele subiu em minha cama para dormir comigo. Odiei aquilo. Cricri dormia comigo desde que o adotei e quem não curtisse isso, que se fodesse. Meu bichinho era meu filhinho e ponto. Ninguém mudaria isso.

Fim de semana chato. Sem ânimo para requebrar até o chão, fui dormir um pouco no sofá de Ofrásia, acordando com uns safanões da mesa. Van não passou o fim de semana em casa.

-Você sabe o que Vanessa anda aprontando. – me instigou

-Vanessa ta se comportando.

-MENTIRA! – fitou-me sem escape – Você sabe que Vanessa não presta, menina. Como é que sai andando com uma pessoa que ta te destruindo?

Arlindinho, o irmão caçula pintor, viu Van e eu entrando na clínica clandestina onde foi realizado o procedimento, porém esperou alguns dias para contar.

Ofrásia e Arlindo eram pais atenciosos e legais. Podiam não ter nível acadêmico, diplomas pregados pelas paredes, no entanto, com as surras da vida, tornaram-se mestres e não queriam que Vanessa tivesse o mesmo fim de Alcemilton: viciado e morto.

Os Ribas tinham dialetos próprios. Ofrásia e Arlindo tinham seus arranca-rabos durante as refeições, mas ao meio destas já estavam rindo novamente e naquela tarde fui obrigada a confessar que Vanessa assaltou a casa de meu pai para ir à clínica, o que fez a pacata mãe invadir o baile funk e arrasta a filha até em casa, o que fez Arlindo me dar um passe para ir embora.

Antes de ir, por conta do stress, furtei alguns baseados que caíram dos seios de Vanessa, saí correndo quando ouvi barulhos de panelas sendo atiradas e entrei no funk, mesmo sem um pingo de ânimo. As músicas estavam repetitivas demais e eu estava com as costas doloridas, precisando de meu bom e velho colchão. Quando estava no ponto de ônibus, um PM me barrou...

Nenhum comentário:

Postar um comentário