23 de maio de 2012

Simplesmente Tita - Cap 78 - Criminosa! (4ª TEMPORADA)



Criminosa!

Só dei-me conta da minha pressa pela manhã quando acordei ao lado de Gui e apesar de ele estar manso e grudento, eu senti que fui um pouco longe demais, então nem com ele nem com Van, quis mesmo ir para casa e passar o dia em meu quarto chorando, me sentindo um lixo, uma tremenda idiota, uma puta bem como mamãe e Gui se referiam a Van.

Para Van, Cássia ou seja lá quem for eu poderia ser uma aberração por conta da castidade, porém naquele momento a sós comigo mesma, queria recuperá-la. Eu não era Van, por mais que estivéssemos andando grudadas e sem segredos, ainda assim eu era Tita.

Não sei se ocorre só comigo, mas quando estou triste costumo ouvir a mesma música repetidas vezes, sobretudo se ela me faz chorar. Funk não refletia minhas emoções confusas. O mundo não assimilaria o turbilhão de sensações, confusões e alucinações.

No outro dia continuei ignorando Guilherme. Ele, por sua vez, percebia que eu não estava agindo de forma normal e eu, até um pouco impassível, desconversava. Mal em seus olhos conseguia fitar. Van também não estava bem aquele dia e a custo de uma expulsão da aula de Física, descobri o problema.

-Se minha velha souber que to prenhe, me chuta pra fora de casa, Tita. – até chorou em meus ombros – Não sei o que fazer, amiga. Você me ajuda?

-Posso conversar com ela para amansá-la. Em mim ela confia, não?

-Eu vou abortar.

-VOCÊ FICOU LOUCA, VAN? DEUS ME LIVRE TIRAR UMA VIDA QUE NEM LHE PERTENCE.

-Eu sei lá quem é o pai, não me interessa nem um pouco saber e pode ser que você não concorde, mas eu já tomei minha decisão e você vai ter que me ajudar.

-Mas como?

-Sei lá. Se vire. – sacudiu os ombros – Quero esse dinheiro comigo até às 13:00 ou ta jurada.

Só tinha conhecimento de uma pessoa que juntava economias em um pote em cima da geladeira e lembrei-me de que todas as terças-feiras sempre no mesmo horário Helena saía para se consultar, então matei a última aula com Van que mesmo sendo uma negação com números calculou minuciosamente os passos de minha madrasta e surrupiou o pote de conservas onde meus pais guardavam as economias para o bebê, o maldito desgraçadinho que roubou o amor de meu pai.

Para dar a entender que o lar foi assaltado, Vanessa quebrou louças, virou porta-retratos no chão, espalhou a sujeira do cesto de lixo por sala, cozinha e quartos, revirou gavetas e saiu rindo como se tivesse ouvido a uma piada.

Apanhamos um ônibus alimentador e entramos em um lugar extremamente cabuloso. Uma clínica clandestina onde pessoas que qualquer conhecimento médico realizavam perigosos procedimentos para tirar vidas que nem sequer tinham o direito de começar.

Ver Van satisfeita e orgulhosa de mim era tudo de que precisava para não me sentir sozinha, mas naquela noite não consegui pregar os olhos, tendo cólicas intestinais, vômitos e taquicardia. Poupo descrições. Foi a pior sensação de minha vida, embora na manhã seguinte saber que Vanessa me idolatrava era um grande consolo.

-Pronta pra botar pra quebrar hoje? – perguntava minha amiga enganchando em meu braço como se nada houvesse

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