21 de maio de 2012

Simplesmente Tita - Cap 76 - Terapia reversa! (4ª TEMPORADA)



Terapia reversa...

Após a aula, como determinado por Meire, visitei o psicólogo pela primeira vez. Um prédio comercial no centro da cidade no 9º andar. Os psicólogos credenciados já estavam acostumados a atender jovenzinhos ‘problemáticos’ como Meire julgava que eu fosse.

Para causar a impressão de ser rebelde, vesti um top igual aos que Vanessa usava, short jeans, sandália com salto plataforma, fiz um rabo de cavalo pra lá de desleixado, mascava chicletes ruidosamente, me fazia de Van, colocando os pés sobre a mesa de centro e levando tapinhas.

-Olha os modos, Renata. – criticava Meire – Desse jeito o doutor Afrânio te interna hoje mesmo.

-Desde que não precise mais olhar pra sua cara feia e irritante, por mim tudo bem. – fiz uma bolinha de chicletes e só não levei outro tapa porque Afrânio a chamou

-Meire das Neves. – parado na porta, Afrânio a conduziu até dentro do recinto e eu continuei ouvindo funk no fone de ouvido

Alguns minutos depois o psicólogo alto, magrelo e de feições inexpressivas a não ser pelo óculo fundo de garrafa que o fazia aparentar 20 anos a mais, chamou-me para uma conversa a sós.

A salinha da parede alaranjada era extremamente minimalista. Havia duas cadeiras e um divã, sendo que na poltrona do canto sentava Afrânio portando uma caneta azul e uma prancheta onde fazia suas anotações e suposições.

-Confortável. – deitei-me ao divã quebrando o silêncio

-Espontânea. – concordou com a cabeça – Renata Muriel...

-Só Tita, por favor. Odeio meu nome.

-É um nome tão bonito.

-Minha mãe escolheu. Aliás, tudo ela faz questão de escolher como se fosse minha dona. – soquei uma almofada – Odeio isso. – suspirei alto – Mal vejo a hora de completar 16 e me mandar daquele hospício.

Afrânio me interrogou a respeito da infância, adolescência e eu estava com raiva, respondia atravessadamente. Outro no lugar teria me mandado a merda. Até que ele era paciente.

-Meire queixou-se de sua ausência de modos nos últimos dias. – contestou o nerdzinho

-Por ela eu teria 5 aninhos pra sempre. – ri alto – Sem chance. Eu adoro a Van, estou pensando em transar com meu namorado e não estou nem aí para ela, nem pra escola, nem pra ninguém.

-Para primeiro dia até que conversamos bastante.

Primeiro e último dia. Tendenciado diagnóstico. Rebelde e hiperativa. O cu dele. O filho da puta estava muito sugestionado pela retórica de Meire, o que me fez arrumar a mochila e passar o fim de semana com Van.

Boate, baseado, funk, pegação. Gui estava se tornando um chato insuportável me criticando como se fosse meu pai e isso me tirava do sério. Eu não o julgava por ser metaleiro e não acreditar em Deus. Respeitava numa boa, mas ele pegava pesado demais com a Van e isso eu não admitia.

-Parece que você tem ciúmes da Van.

-Só acho que ela não presta.

-Você é Deus, por acaso? – gritei – Prefiro mil vezes ir me sacudir no funk do que ficar aqui ouvindo música depressiva e jogando esses malditos games de luta.

-Só que quando a Van te decepcionar, nem pense em procurar meu ombro pra chorar.

-Van nunca vai me desapontar.

E assim terminou nossa primeira discussão. Gui não dava o braço a torcer e eu considerava Van a irmã mais velha que não tive.

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