Fumaceira na cabine...
-Eu bem que deveria ter acionado o Conselho Tutelar pra tratar assuntos dessa alçada, mas acredito que terem sido expostos para o estado inteiro já deve ter sido humilhante o suficiente. Minha punição será uma semana de suspensão iniciando-se nesse exato momento, as... – Raimunda olhou as horas - Às 08h12min desta manhã até às 07h30min da próxima quinta-feira. Além disso, terão de comparecer normalmente as aulas, caso contrário levarão falta. Também terão de levar para casa uma ocorrência que deixará seus pais ou responsáveis cientes do que conversamos hoje e quem não trouxer a advertência assinada pelos pais... – frisou a última frase fitando raivosamente meus olhos – E quando digo pelos pais é APENAS pelos pais. Entenderam?
Dico e Kiko desastrados. Graças ao grotesco erro gramatical de Rodrigo o crime não foi perfeito. Os dois idiotas, com seus garranchos, falsificaram a rubrica de Raimunda, mais possessa ainda.
Saímos do gabinete desferindo bicudas em Dico e Ricardo. Se não fosse a intromissão e incompetência deles, o plano jamais teria sido descoberto. Só mesmo Guilherme imitando os trejeitos de Raimunda me fez rir e para não causar nem mais um problema, ia entrar na aula de História, com a jurássica prof.ª Carmen, mas Van me arrastou consigo até o banheiro e dentro de uma cabine fumamos mais um baseado.
O cheiro fisiológico atenuava a fumaceira da cannabis e nossas risadas abafavam todo e qualquer ruído. Nosso inspetor Reinaldo, vulgo Meleca, era o maior maconheiro de todos os tempos e fazia vista grossa. Oferecendo uma tragada ele consentia com nossas puladas de muro.
-Posso dar um chego lá na tua casa?- saímos do banheiro como se nada houvesse
-Minha mãe não gosta de receber visitas.
-Azar o dela. Hoje to indo lá.
-Você não vai curtir muito minha mãe. Ela é toda cheia de moralismos e não vai com a cara de ninguém.
-Não nasci pra agradar ninguém. Gosta quem quer. A casa também é sua e eu to indo te visitar.
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