11 de maio de 2012

Simplesmente Tita - Cap 70 - Piercing no umbigo! (4ª TEMPORADA)



Piercing no umbigo

Quase não acreditei que aquele carinha cheio de tatoos pelo corpo, alargador nas orelhas e diversos piercings era amigo da Vanessa, axezeira fanática.

-Eita Van, levando outra pro mau caminho. – a abraçou

-Ensinando a viver. – Van encerrou o assunto

O local de trabalho era muito zen com grafites feitos pelo próprio Lelo, dono do estabelecimento e também estavam expostas muitas jóias para o freguês escolher. Na sala de espera um regueiro cheio de dreads no cabelo preenchia formulários e Vanessa conversava com Lelo.

Nos sofás, muitos jovens ansiosos esperavam por sua vez. Era domingo de carnaval, mas havia uma clientela grande esperando por Lelo.

A TV estava ligada em um filme irrelevante. O sinal era péssimo, diga-se de passagem. Compensava mesmo ouvir Bob Marley e folhear as revistas de surf espalhadas pelo sofá de preto de couro.

Eu estava quase me arrependendo de colocar o piercing quando o secretário me chamou. O cheiro de maconha alastrava o local.

-Preenche as paradas aí... Se for menor de 18 tem que mostrar a assinatura do pai ou da mãe...

-Por que não disse antes, filha? Onde é que eu assino, hein? – e roubou a cena, ainda que nós não tivéssemos nenhum traço em comum

Havia uma fila de espera. Sentei-me ao lado de Van no sofá e ela parecia muito interessada em admirar algumas joias no mostruário. Eu a vi discretamente furtar um lindo piercing com penduricalhos e enfiar imperceptivelmente entre seus voluptuosos seios.

-Renata Ariel... - Lelo me chamou 

Maconheiro besta. Escreveu errado meu nome. 

-Muriel – corrigi

Senti o mesmo frio na barriga do dia da festa da Cris...

-Então escolheu essa jóia? - perguntou o Lelo enquanto esterilizava as agulhas

-Aham! - respondi juntando os pés porque minhas pernas tremiam involuntariamente

Ouvir Ramones como som ambiente fez com que minha preocupação fosse para os ares e até prolonguei a conversa só para mencionar que meu namorado era viciado em Ramones.

-Pode deitar ali na maca?

Deitei imediatamente e tentei me concentrar na melodia de Poison Heart pra não pensar na dor.

-Vai doer muito?

-Eu sempre ouço essa pergunta. - riu - Não vai doer nadinha. Vai ser só o susto da picadinha!

Não senti dor nenhuma e quando fui entregar os 30 reais (custo da jóia e da colocação desta), ele não aceitou o dinheiro. Fiquei perplexa!

Recebi recomendações de como cuidar do piercing e descobri que tinha uma garantia de seis meses a partir daquela data, mas somente em caso de defeito de fabricação já que o piercing era composto por aço cirúrgico. O seguro não cobria o mau uso por parte do comprador...

Agradeci o Lelo e fui pra fora do prédio. A Vanessa ainda ficou conversando por mais um tempinho com o amigo e então voltou.

Fomos comer sorvete pra comemorar e tão logo ela já pediu uma cerveja:

-Te pago depois, Tita. Prometo!

Nunca fui chegada em axé, mas estava na companhia da Vanessa e obrigada a fazer tudo que ela fazia. Até montamos às escondidas na carroceria de um caminhão que estava indo em direção a Itapoá, onde Van tinha altos conhecidos.

Em um gramado bem próximo a praia, sentamo-nos à areia e Vanessa certificou-se de que ninguém nos encontraria, tirando de dentro do sutiã uma caixa de fósforo e dois cigarros de maconha.

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