Van
Plantão na televisão raramente augura boas notícias. Nesse caso era a pior manchete para um filho. Julia e Andrea que o diga! D. Rebeca, sua mãe, foi assaltada, reagiu e faleceu baleada na cabeça.
Soubemos do ocorrido na manhã de domingo e o Carnaval acabou para todos, até para Gui que não era de se envolver nas futricas alheias. As primeiras informações davam a entender que Rebeca seria enterrada ainda no domingo, o que acentuou a comoção.
Não era o fato de ser indiferente. A última vez em que viajei à praia foi em 2000. Queria aproveitar o Carnaval até o último minuto, embora Gui não estivesse de acordo.
-E aí? O que você vai ficar fazendo aqui? – chantagem
- Eu tenho dinheiro pra alugar... – sacudi os ombros
- Nem sonha com isso porque você sabe que no carnaval tudo fica lotado.
Consegui fugi antes de ser vista pelos pais de Ricardo. Cheguei a Avenida Principal sem o mínimo de noção do que faria. Era apenas uma estranha no litoral, uma aborrescente rebelde fingindo atitude que nem tinha.
-Ê baixinha...
Van?
- Já ta voltando?
- Eu não... só saio daqui na quarta de cinzas.
- Eu também, mas os ‘capiau’ da minha família já estão querendo voltar; isso, claro, se o possante ligar.
Vanessa era impassível ao que aconteceu em Curitiba e naquele momento foi o meu anjo da guarda. Conversando alguns minutos com ela, desejei ter toda aquela liberdade para conversar com mamãe sem tanta cerimonia.
- Seus pais deixaram?
-Nem precisei pedir.
Van usava um daquele piercings no umbigo com penduricalhos e eu considerava aquilo o máximo, porém sei que Meire jamais me autorizaria a colocar.
- Quer colocar?
-Queria, mas...
-Quem queria não quer mais...
Meia hora depois, sob o escaldante sol do meio-dia, estava entrando em um sobrado areia onde uma enorme placa nos indicava o estúdio de Lelo (amigo de Van) no 2º andar.
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