Temer?
Tratava-se de Geraldo, pai de Ricardo. Previsivelmente furioso com a bagunça generalizada.
-Ricardo Luiz Almeida Patchuli.
Quando se pronuncia o nome completo há apenas duas alternativas: ou você foi aprovado em alguma coisa ou fez merda. Nesse caso um lamaçal de merda.
-Ricardo Luiz Almeida Patchuli, estou falando com você –Geraldo estava com os braços cruzados – O que você está pensando da vida? Pode me explicar o que significa essa putaria toda?
Para um senhor calvo, descrição de um tradicional pai, por volta dos 48 anos de idade e nada acostumado ao linguajar de nossa geração, Geraldo estava mesmo furioso para representar sua revolta com um termo o qual os mais velhos repudiavam. Putaria.
-Pa-pap...Pai? - Ricardo gaguejava e nós ríamos
-Você tem noção do que está fazendo, rapaz? Olha o modo que você está se comportando diante de seus amigos? Que vergonhoso, Ricardo. Eu esperava mais de você. Eu podia ser processado por vandalismo e destruição do patrimônio público. Não pensa nas consequências?
Ricardo não tinha nem condições de responder.
-Desce já daí, vá tomar um banho e nós conversaremos melhor pela manhã...
O Ricardo desceu cambaleando da picape, levou um tombão e entrou em casa. Patrícia entrou conosco, porém saiu alguns minutos depois com Marilda, mãe de Kiko, que muito gentilmente nos convidou para pousar na casa da família durante o feriado.
Dormimos razoavelmente pouco e quando acordamos estávamos famintos e a família de Ricardo tinha a hospitalidade como característica mais marcante. Na mesa encontramos desde o tradicional café-com-leite até iogurte e manteiga.
-Por que não chamou o Rodrigo? – Geraldo já estava mais calmo em relação a horas antes
-Ta de castigo. – admitiu Kiko
-Castigado? Por quê? – interveio Marilda, confusa – Dico é um menino tranquilo, não é muito de aprontar...
Arlete, mãe de Dico, descobriu que a autorização para viajar era uma tremenda fria e o castigou severamente, o que aconteceu com Julia também.
Saber-me Deus como, mas até o professor Edu já estava sabendo das autorizações e tão logo o noticiário local fez um sensacionalismo em cima disso. Rezei para que mamãe não relesse ao bilhete ou então quando voltasse para casa mataria a saudade de uma boa surra de chicote.
Em decorrência dos desfiles das escolas de samba lá no Rio de Janeiro, a mídia logo se esqueceu da farsa dos bilhetes falsificados, até porque encontrou um furo de reportagem muito mais interessante o qual indiretamente afetou meu carnaval e de meus amigos também.
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