8 de maio de 2012

Simplesmente Tita - Cap 67 - Guerra de ovos na madruga! (4ª TEMPORADA)



Guerra de ovos na madruga!

Sim! O Ricardo Patchuli, vulgo Kiko. Nem de longe parecia aquele molóide aloprado pela Turma do Metal. No banco do passageiro estava Paty, sua prima.

Ao nos reconhecer, o Kiko buzinou e gritou:

-VOCÊS POR AQUI?

-OIIIIII?- com tanto som alto ficava impossível ouvir o Kiko

-Tita. Gui. Querem entrar?

Paty, viciada em novelas, estava um pouco desolada porque perdeu o acerto de contas entre os mocinhos do folhetim das 21 horas. Eu, por minha vez, estava adorando sair da rotina e me sentir descolada perante quem não me conhecia.

Ninguém sabia que até aquele dia eu era uma garota que só via a vida acontecer pela janela e nunca fazia parte de nada, nunca opinava, nunca ousava. Era difícil dizer que estava viva.

Subimos na carroceria da picape. Naquela noite tudo era válido, menos ficar de cara amarrada ou dormir. Estava rolando um fervo irado... 

Enquanto os meninos falavam sobre modelos de carros, troquei umas ideias com a Patrícia, a menina com quem o Ricardo estava ficando...

-Não to ficando com esse aí coisa nenhuma. Somos primos.

Senti um cheiro ruim de ovo podre e cutuquei o Gui pra mostrar. Não é que o doido começa a atirar ovos em todo mundo que via? Até a Paty resolveu seguir o Guilherme...

No começo senti muita vergonha daquela atitude infantil e deplorável deles, mas depois de uns goles a mais, por sinal os primeiros em toda minha vida, entrei na zoação.

O Gui se partia de rir da cara de todo mundo que passava na rua e cada mais longe da praia a gente ficava. Normalmente eu rezaria baixinho pra voltar à casa, mas nem lar eu tinha... Pelo menos naquele feriado...

Ricardo desligou a picape e eu pedi ao Gui que parasse com aquela brincadeira retardada, porém ele fingia não estar me ouvindo. Resultado: cabelo cheirando a ovo deteriorado. Não sei se foram os golinhos ou se foi aquele aroma de podridão, mas eu já estava ficando tonta.

O Ricardo agora entrava na nossa onda e saía tacando ovos por todos os cantos.

Por causa das transmissões dos desfiles das escolas de samba, o povo ainda estava acordado e agora a turma dos inconsequentes tocava horror pelas redondezas da praia...

-Ô seus filhos da puta, vão jogar ovos podres na puta que pariu... – berrou um senhor de dentro de sua casa de veraneio

A revolta era o combustível propulsor para mais ataques.

-Vou ligar pra polícia, seus vagabundos. Isso não é hora de ficar zanzando pela rua... – ameaçava outro vizinho acertado na cabeça 

Pedimos ao Ricardo para dar o fora dali ou passaríamos o feriado detidos. Ao menos Paty e eu porque se dependesse do Guilherme, continuava zoando... Legítimo Joselito.

Fomos pra outra região não muito longe e a guerrinha de ovos voltou pior ainda até que um homem chegou perto do carro onde estávamos e gritou:

-O que você pensa que ta fazendo, Ricardo?

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