19 de abril de 2012

Simplesmente Tita - Cap 61 - Depois da ficada! (4ª TEMPORADA)



-Posso roubar a Tita de vocês? - perguntou Gui, em tom de brincadeira

-Mas a traga viva, hein? - advertiu Julia, com cara de quem teve um fim de semana terrível

A ficada havia significado muito porque de modo espontâneo ele me contou como foi seu fim de semana e mostrou-se muito surpreso quando soube que estudávamos na mesma sala. Trocamos diversos bilhetinhos carinhosos os quais guardo até hoje como recordação.

Durante o intervalo experimentei os beijos que passei boa parte da minha adolescência esperando, além de ser presenteada com um cd do Led Zeppelin gravado por ele para nunca me esquecer da noite agradável que juntos passamos e então encontrei o bilhete o qual ele pedia pra ficar comigo novamente. A resposta era tão óbvia.

Para muitos, poderia parecer cedo demais para dizer que estava apaixonada e por isso mesmo eu me mantinha em silêncio, o admirava secretamente, retribuindo os lindos sorrisos que me faziam me apaixonar mais e mais, o mantendo como um único pensamento, este que me fazia querer ficar cada vez mais próxima daquele com quem, se pudesse, gostaria de namorar.

Juntos fomos ao fliperama, passeamos de mãos dadas no shopping e eu me senti super poderosa por estar lá acompanhada de um menino e não um qualquerzinho, o meu Gui, o meu futuro namorado, o metaleiro mais apaixonante da face da Terra.

Voltar pra casa era sempre a parte mais difícil porque quando estávamos abraçados, meu único desejo era poder parar o tempo e permanecer ao lado dele pra sempre. Eu não estava nem aí pro que os professores estavam falando, pros destaques do noticiário, nada. Contava os minutos para o amanhecer, para novamente estar ao lado de Guilherme.

Nós ainda estávamos ficando quando ele me levou pra conhecer os pais dele, Marisa e Wanderley, ambos aposentados e apaixonados por carros antigos. O Gui era filho caçula de sete meninos e morava com os pais num simpático sobrado com ático, onde ficava localizado o quarto do meu amado. Nada organizado, vale ressaltar, mas como eu também nunca fui obcecada por limpeza, ignorei a bagunça.

Era a segunda vez que um menino me levava até a casa dele. A primeira foi com Adolfo e somente quatro anos depois eu me sentia novamente uma garota normal da idade e duplamente felicitada por ter moral com um roqueiro, exigente até por demais, diga-se de passagem.

Os dias estavam sendo mágicos desde que ficamos. Não enumero efeitos especiais, mas uma estranha alegria, uma leve dor no peito que não adoece, um friozinho gostoso na barriga e se as pernas tem dificuldade para firmar os passos é em parte culpa das nuvens que vão se dissipando e me permitindo vislumbrar o tom azul deste lindo céu. A última vez que havia me sentido assim eu ainda era uma menina, ou seja, já fazia muito tempo.

Observando a cidade de um modo como nunca fiz antes, ouvia novamente um clássico do rock, o que me encorajou a ser sincera. Se no passado eu mentia, agora eu seria honesta, mesmo que também pagasse um alto preço por isso.

-Você já viu uma pessoa e pensava que ela era uma coisa, mas quando a conheceu, mudou de opinião?

-Já... - respondeu ele

-Quando eu te vi zuando o Ricardo, pensei que você era o maior idiota do colégio e até fiquei meio cabrera quando você foi lá falar comigo na festa, mas quando você abriu a boca, ali percebi que você é incrível. Eu confesso que não tinha experiência nenhuma e você nem mesmo mencionou, caçoou e nem tentou dar uma de esperto. Desde que começamos a nos falar, não tenho mais ficado triste nem me sentindo invisível porque você me preenche de um jeito que não sei explicar, mas me faz sentir que estou no meu lugar, que deveria ter me mudado pro nosso colégio e ter ido a festa da Cris porque você justificaria tudo. Eu gosto do seu jeito de ser, de falar, de rir e me entreter, só que você não precisa tentar ser legal: você já é. Eu não sei se to pagando mico dizendo que to apaixonada antes de você querer levar isso adiante, mas não vou mentir...

Silêncio. Completo silêncio.

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