18 de abril de 2012

Simplesmente Tita - Cap 60 - Guilherme! (4ª TEMPORADA)



Dúvida, curiosidade, desejo, ansiedade. Já se completavam três anos sem ficar com um garoto.

-O que eu respondo, meu Deus? E se eu não lembrar mais como se beija? – pensei, aflita – Sim. – respondi

Em menos de dez segundos uma língua não tão desconhecida percorria o céu da minha boca. Preferi me deixar conduzir por ele. A sensação era diferente da vivida com Adolfo anos antes.

Se eu contasse a alguma das meninas que ainda era virgem aos 15 anos, todas fariam troça de mim. Guardaria pra sempre esse segredo, mas ao Gui não fazia diferença se eu era experiente ou não.

Quando terminamos o primeiro beijo, razoavelmente longo, ele me abraçou forte, fez carinhos na minha cabeça e ficou olhando bem dentro dos meus olhos. Ali me encontrei, naquele lugar tomado pelo som alto e o cheiro insuportável de cigarro. Era ali que eu precisava estar, refletida naqueles olhos verdes de um metaleiro que me mostrou em sua humildade que nem sempre as primeiras impressões são verdadeiras.

A medida que o beijava, um novo e intenso sentimento nascia em meu jovem coração. Um sentimento que jamais sonhei que conheceria algum dia, pelo menos não se não tivesse coragem o bastante pra enfrentar Meire.

Tanto o Gui quanto eu estávamos nos sentindo desconfortáveis no meio daquela gente esquisita e eu não fazia questão nenhuma de dormir ali. Nem era íntima das garotas e não estava com a mínima paciência pra aguentar a Julia chorando por causa do Rodrigo.

O Guilherme era dois anos mais velho que eu e já dirigia um chevette marrom 77 super conservado e cheiroso também. Sentei no banco do passageiro ao lado dele que durante o rolé pela cidade me mostrou um pouco do que gostava de ouvir.

De Garotos Podres a Led Zeppelin. Uma verdadeira viagem ao tempo em que infelizmente não vivi para ter histórias. Já curtia Stairway to heaven porque Horácio adorava essa música, mas até então ela não fazia tanto sentido pra mim:

-Um clássico que te recomendo.- orgulhou-se ele

-Vou me lembrar de você sempre que escutar essa música.- acrescentei, um pouco tímida, com medo de estar falando besteiras pro menino que eu mal conhecia e já estava envolvida

-Espero que eu não esteja falando demais.

Pudera todos os garotos nessa faixa etária serem tão meigos assim...

-Sabia que até o último segundo eu não queria ter ido à festa? - ele confessou

- E eu que batalhei e quase não fui...

-Mas, apesar de não acreditar em destino, acho que estava escrito que a gente devia se encontrar...

-Pra onde você ta me levando? - perguntei

Ele estacionou o carro em um viaduto, que minutos depois eu descobri que era o lugar em que mais gostava de estar quando precisava pensar na vida, se inspirar, chorar, namorar. Para quem nunca saía do quarto, aquela noite com certeza teve um valor muito grande.

Passamos o restante da noite falando sobre nós mesmos e em nenhum momento disse que era colega dele, aliás pouco falei sobre mim. Ele era interessante, havia vivido muito mais que eu e talvez perdesse o encanto por mim se descobrisse que até aquela noite eu era uma gordinha sem graça, uma nerd qualquer, apesar de que quando estava olhando nos olhos dele, ouvindo aquela linda voz eu não pensava em nenhum problema, nada mesmo! O mundo se resumia em mim e nele.

Meu fim de semana passou muito rápido e era o primeiro em muitos anos que eu me sentia contente. Meus pais provavelmente entenderam que a festa foi ótima e não entraram em mais detalhes.

O Gui era o pensamento que me libertava de todas as angústias, o anjo metaleiro que sem querer acabou roubando meu coração. O otimismo me fazia sonhar com uma segunda ficada e quiçá um namoro, enquanto a sensatez me preparava para ser apenas mais uma na extensa lista de casos de uma noite só.

Era Segunda-feira novamente em Curitiba e lá na escola, em especial minha classe, o assunto predominante era a festa da Cris. Eu era invisível na roda de conversa e estava preparada para ter um dia chato, daqueles que quando bate o último sinal, tudo que você quer é voltar pra casa e abraçar os travesseiros, isso tudo até...

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