Doutor Rubens veio conversar comigo tempos depois do fato anterior. Pensei que ele tivesse ficado com medo, mas não.
E ele me visitava sempre, e eu acabava por desabafar e contar os meus sonhos para ele. Todos, tudo. Quem sabe até ele poderia me ajudar a me tirar daquela prisão?
- Quer dizer que você gosta de lendas urbanas, Angélica?
- Gostava, doutor. Desde que tudo isso aconteceu, prefiro não tocar mais nessas coisas.
- E qual era a sua lenda preferida?
- A da loira do banheiro.
- Ah, nos Estados Unidos e em outros lugares a chamam de Bloody Mary, sabia?
- Claro. Mas por quê a pergunta?
- Eu suspeito que você tenha uma doença. Uma doença rara. Não se trata exatamente de uma doença... é um... digamos que é um distúrbio.
- Para de enrolar, fala logo!
- Distúrbio de Personalidade Múltipla. É isso o que você tem.
- Que palhaçada! Isso não faz nenhum sentido.
- Você disse que não teve relações sexuais com o seu amigo Luan antes de o encontrarem morto ao seu lado. Correto?
- Sim, correto.
- Mas os testes afirmam que foram encontrados resíduos, fluidos vaginais seus no corpo dele.
- Onde o senhor quer chegar com isso?
- Está correto, Angélica?
- Sim.
- O Distúrbio de Personalidade Múltipla nada mais é, Angélica, do que a dissociação da mente humana, culminando na formação de outras personalidades. Isso quer dizer que passam a conviver dentro da mente de uma mesma pessoa, várias outras identidades.
- Então...
- Angélica, Bloody Mary existe. Mas ela nada mais é do que você.
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