22 de fevereiro de 2012

Simplesmente Tita - Cap 31 - Do amor não se foge!



Riso nervoso. Borboletas no estômago. Angústia. Alegria.


-Ele só fala de você o dia todo, Tita.

-Fala?

-Você é muito boba. Não percebeu que ele é afim de você desde a época da praia?

-Na praia ele só tirava sarro de mim. Não ta lembrada?

-Tita, o mecanismo dos garotos é outro. Ele ta assustado, confuso. Ele nem tem esperanças de ter nada com você porque acha que você não gosta dele.

-Eu não sei... Eu penso nele o tempo todo, sinto umas coisas estranhas quando o vejo e to com saudade... Pronto! – admiti querendo sumir de vergonha

-É a primeira vez que sente isso por um menino?

-É...

-Ele também nunca beijou ninguém.

-Eu não vou saber o que fazer.

-Na hora vai.

-Que hora?

-Vocês vão se falar assim que as férias acabarem.

Que beleza! Faltavam 2 dias para as aulas retornarem. Na véspera eu nem dormi. Não teria moral para falar com ele, caso Aline espalhasse o que conversamos.

Nos cumprimentamos normalmente, conversamos sobre as férias, volta as aulas e Aline, no intervalo, começou a dar indiretas.

-Tita tem algo a dizer a você.

-Não tenho não.

-Tem sim, Tita.

-Aline... – retruquei

-O Adolfo também tem uma coisa a dizer.

-Essa Aline... – Adolfo estava constrangido

Não existia nada além de amizade e ela acabaria ali naquele intervalo.

-To indo comprar lanche. Conversem. – Aline nos deixou a sós

Parece ter se correspondido com Adolfo por olhares. Eu estava toda torpor, ainda mais que quando começou a tocar Too much, só consegui visualizar na memória o dia em que nos conhecemos e aquela música ainda não fazia um pingo de sentido pra mim, a não ser para aporrinhar o gordinho sensível.

-Você tinha algo a dizer, Tita?

-Bem, coisas da Aline... – tentei demonstrar naturalidade

-Eu tenho uma coisa a dizer.

-Boa ou ruim? – enrolei uma mecha do cabelo por entre os dedos e sorri, justo porque ele adorava meu sorriso e eu tinha motivos, aliás, era a principal deles

-Depende de você.

-Não me diga que você vai sair do colégio?

-Não vou te abandonar. Você é minha preferida.

Preferida era superior a melhor amiga?

-Você é meu preferido.

Balançou a cabeça negativamente. Ficava lindo usando o boné com a aba virada para trás, bem estilo skatista, auge em 99.

-Eu sei que sou só seu amigo, mas... olha a enrascada que a Aline me colocou... ela quer que eu me declare pra você e acabe com essa angústia.

-É porque você não gosta de mim, né?

-Eu sei que você não gosta.

-Eu nunca disse que não gosto.

-Eu só penso em você, Tita. Eu gosto tanto e não sei como lidar com isso. É a primeira vez que sinto isso.

-Pra mim isso tudo também é novo.

-Você ficaria comigo?

Roubei um selinho. Era tudo que podia lhe oferecer.

-Não quero só um selinho, Tita. Selinho eu coloco em carta.

Aproximando-se de meu corpo, tirava as mechas de cabelo do meu rosto e sorria, fazia gracinhas, talvez porque queria aparentar ser experiente. O melhor eu experimentei aos fechar os olhos.

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