13 de janeiro de 2012

Simplesmente Tita - Cap 3 - 5ª Série, o recomeço...


Formanda da 4ª série como primeira da classe. A única criança que odiava a professora com todas as forças. Odiava meus colegas e não sentiria um pingo de falta daquela escolinha ridícula. Ainda bem que naquele ano nos mudamos e com isso teria de estudar a tarde em um colégio onde ninguém me conhecia e nem saberia de metade do que passei. Prometi a mim mesma que começaria um novo capítulo da minha história, pra sempre.

Cadernos universitários, canetas coloridas a vontade, muitos professores, novas disciplinas e o sonho de poder lanchar sem ter de me esconder no banheiro ou ficar perto de uma servente para ninguém me roubar e/ou me bater.

Enfim eu poderia dormir até as 09:00, acordando somente pra ver meus desenhos preferidos na TV. Era uma delícia ir ao colégio de ônibus e encontrar os outros colegas, com quem ia conversando. Os alunos mais velhos estavam na oitava série, então não era raro ver casaizinhos trocando beijos às escondidas dos inspetores.

Nem dormi direito no último domingo de férias, mas o primeiro dia de aula foi surpreendentemente legal, apesar de me lembrar de que aquele dia estava caindo uma garoa fina aqui em Curitiba.

Quando cheguei à minha sala, encontrei uma menina um pouco parecida comigo na versão loira e logo resolvi conversar com ela. Seu nome era Francielle e ela havia recém chegado a Curitiba. Morava com os avós e tinha um cachorro preto, o Pongo. Ela adorava Chaves, desenhos animados e as tradicionais novelas mexicanas que estavam sendo exibidas. Ela adorava matemática e eu português.

Nossa primeira aula foi justamente de matemática com o professor Emival... A única vez em que ele escreveu no quadro foi o nome dele, a disciplina que ministrava e só!

Ele já aparentava estar com 50 anos de idade e era casado com a professora de história, conhecida por ser muito legal, mas que justamente naquele ano estava afastada da escola. Falta de sorte a minha!

No intervalo, a Fran me apresentou ao primo dela João, que já estava no oitavo ano e os meninos metidos a valentões, é claro, estavam nos assustando, dizendo que os professores batiam em alunos e mais umas idiotices que com o tempo descobrimos que eram mentiras.

Após o recreio conhecemos o professor de geografia, a caricatura e também lenda da instituição, mais conhecido como Vando sem sobrenome porque seu número estava na lista telefônica. O típico professor chato que de tão chato que é, acaba sendo legal.

-Não tolero trabalho entregue após a data estipulada...

Era o que a galera mais fazia e ele dava 10 pra todo mundo. Por ser solteirão, ter mais de 40 anos e ainda não ter filhos, no fundo devia gostar de todos nós e todos nós dele também.

A professora que mais marcou esse ano era a Daniela, de português, com quem tive empatia desde o momento que ela entrou na sala. Minha amiga Fran não gostou muito dela, mas eu me identifiquei muito com a profe e ela não era grosseira como a `tia` do primário, cujo nome nem faço questão de lembrar.

Por mais impossível que pareça, acabei me tornando amiga da professora Daniela que logo no primeiro dia em nossa classe pediu que escrevêssemos um texto para assim poder nos conhecer melhor. Ela adorou minha estória e disse que eu escrevia muitíssimo bem pra quem só tinha 10 anos. Nem minha mãe havia me dito aquilo. Fiquei muito feliz!

Com o passar dos dias conheci outras garotas da classe, mas éramos apenas oito garotas contando comigo e com a Fran pra 25 meninos entrando na puberdade. Só podia dar bagunça...

Nós pertencíamos a 5ª B e nossa rival era a 5ª A, cheia de meninas. Invoquei com uma guria chamada Rafaela porque no fundo tinha inveja de ela ter um monte de amigase fiz a Fran ter raiva dela também.

-Olha o tipo dessa cabeçudinha idiota. Se acha o máximo com essas canetas coloridas.

-E eu não gosto desse pôster dos Hanson. Eu sou fã deles. - Fran choramingava

-Não. Eu é que sou.

-Você eu deixo ser fã número 1, mas essa metidinha não.

Tão logo todas as meninas da minha sala odiavam a Rafaela que de tamanho era menor que eu, tinha um cabelo comprido e lindo da mesma cor que o meu e usava aquelas canetas de gel com cheirinho que minha mãe nunca me deixava comprar.

Vivíamos provocando as meninas da 5ª A só pra dar briga porque segundo nós da 5ª B, elas eram umas patricinhas idiotas. Comparadas às verdadeiras patys idiotas que posteriormente conheci, elas não passavam de crianças.

A professora de História era séria até por demais, a de ciências me deixava preocupada, pois não entendia uma palavra sequer do que dizia. A de Educação Física teve de berrar muito comigo por não ter paciência com minha falta de habilidade esportiva. Era a que eu mais detestava.

O professor de Artes era bem sossegado e só de estar na aula dele você já ganhava 10, porém ele tinha problemas cardíacos e teve de se ausentar, entrando no lugar uma professora muito arrogante que não ia com a minha cara, dizendo sem medo que me reprovaria porque eu não sabia desenhar.

A professora de Inglês era muito bonachona, querida, amorosa. Não chegava aos pés da professora Daniela, mas também era minha preferida. Achei que teria dificuldades em aprender Inglês, contudo só tirei 10 em todas as provas e trabalhos daquele ano.

Diante da minha mãe eu fingia ser a mesma babaca do primário que ia pra escola “só pra estudar”. Isso mudava assim que eu colocava os pés para fora de casa e ia pro meu mundo, pro lugar em que ninguém sabia nada do que passei nos horrorosos anos de alfabetização.

Infelizmente a Fran, apesar de parecer sempre contente quando estava conosco, saiu do colégio duas semanas após o Carnaval de 1998 e eu me senti muito sozinha, sobretudo por me identificar muito com ela. O João, tempos depois, nos contou que ela acabou voltando a morar com os pais na outra cidade que não lembro agora...

2 comentários:

  1. poster dos Hanson kkk era bebê nesse tempo mas eu sei quem são kkkkkkk

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  2. poster dos Hanson kkk era bebê nesse tempo mas eu sei quem são kkkkkkk

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