24 de abril de 2012

Simplesmente Tita - Cap 64 - Véspera de Carnaval! (4ª TEMPORADA)



Ao ver as chamadas televisivas dos desfiles das escolas de samba já sentia cólicas intestinais, somando a isso o fato de ter de passar aquele feriado infernal tendo de aceitar a triste sentença de não ser mais a preferida do papai.

- Só de pensar que vem outro carnaval por aí, tenho dor de barriga. - comentei, no maior desânimo adolescente do mundo

-Também odeio carnaval. Ser roqueiro no Brasil é uma merda mesmo... Levar a fama de vagabundo, maconheiro, louco, enquanto quem mostra a bunda sai ganhando milhões...

-Se carnaval já é chato, imagine passar o feriado em casa.

As perspectivas eram terríveis e o meu pessimismo piorava à medida que se sucediam os minutos.

-Tive uma ideia: que tal a gente ir passar o Carnaval em Guaratuba?

Felix e Helena eram liberais, mas não chegavam ao extremo de me permitir viajar ao lado de Guilherme.

-Entendemos que esteja apaixonada por seu namorado, porém não presume que seja cedo demais para apressar esse passo? – negociava Felix

-Eu não vou transar, pai. –argumentei

-Você eu acredito que não, mas ele é garoto e nessa idade os hormônios ficam um pouco mais agitadinhos. Hoje ele pode se contentar com uns beijinhos, mas uma hora vai querer mais que isso. – aconselhou Helena

-Eu estou namorando faz duas semanas. Nem penso nisso.

Argumentos a parte, era eu contra dois. Batalha perdida.

Aquela sexta-feira de carnaval amanheceu e eu cheguei à escola querendo trucidar o primeiro que me aparecesse com um sorriso na cara. Ninguém tinha culpa se eu odiava carnaval, mas eu estava para o crime aquele dia e o Gui bem que deve ter percebido e ele, por ser mais velho e experiente que eu, não se abatia com um não, como costumava acontecer comigo e então surgiu a ideia que representa até hoje o divisor de águas em minha vida.

-Qualquer coisa pra não passar o carnaval em casa. Fala aí. - disse, sem qualquer esperança

-Pais, quando o assunto é da escola, nunca mudam de opinião. É bizarro, meio intrigante, mas vale a pena tentar... - disse ele, ostentando o ar misterioso que tanto me instigava

A proposta era bastante infundada, ainda mais estávamos no início do ano letivo, mas o meu desespero era tão grande que mergulhei de cabeça nos argumentos do Guilherme e me empolguei mais do que ele, sugerindo algumas alterações no script original, basicamente abusando dos sensacionalismos:

-Esse trabalho tem que valer nota no boletim. Meus pais são fissurados por notas altas.

-E quem não vier recebe falta nos quatro dias e perde nota no boletim.

Eu devia estar rindo alto pra Julia e o Dico terem se aproximado de mim e do Gui. A Ju me surpreendeu por ter aceitado fazer parte do nosso complô, não só ela como o namorado também.

Na terceira aula os metaleiros, o Kiko, a Paty, a Pri e a Paloma estavam reunidos conosco. Todos intercedendo pela mesma causa.

Inspirada em uma antiga autorização que a Julia guardou, moldei aquela que no intervalo o Dico redigiu no pc da biblioteca e imprimiu pra todos nós.

Não me concentrei pras duas últimas aulas já imaginando como arrumaria minha mochila pra passar quatro dias incríveis no litoral. Meus amigos e eu estávamos eufóricos.

Aquele carnaval prometia ficar eternizado em nossos corações, com certeza e se dependesse de mim, nem dormiria pra aproveitar cada segundo de liberdade, mesmo que depois todos viessem a descobrir que tudo não passou de uma arapuca pra fazer bagunça serra abaixo.

A Michelle, crente fanática da turma, na hora da saída nos barrou da escada pra dar seu sermão:

-O Carnaval foi criado pelo diabo com a intenção de roubar almas e todos aqueles que o celebram são eternamente condenados ao inferno. A mentira é um dos diversos artifícios utilizados pelo inimigo para ter êxito em seus planos. Espero, do fundo do meu coração, que o Todo Poderoso tenha muita misericórdia de vocês.

Que se fodesse o que ela achava ou deixava de achar!

Quando coloquei os pés para fora do colégio, encontrei minha mãe parada em frente ao carro...

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