Confesso que fiquei bem distraída na aula, mas meu coração disparou quando uma das secretárias veio me chamar na sala:
- Angélica, a diretora quer falar com você.
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Eu fui, não tive escolha.
- A senhora mandou me chamar, Diretora Vitória?
- Não precisa fingir que não sabe de nada, garota.
Tentei fingir mais um pouco:
- não sei do que a senhora está falando.
- Foi você quem matou aquele homem!
- Não, não fui eu.
- Eu tenho uma proposta para lhe fazer: vá embora desta escola, assim não teremos complicações. Não suja o nome da nossa escola e muito menos o seu. Está bem assim?
- A senhora tá me acusando injustamente!
- O que me diz disto aqui? Foi achado no banheiro. Acho que você não fez o seu trabalhinho sujo direito!
Ela estava me mostrando o meu diário, que infelizmente eu deixara cair na noite passada. Eu fiquei tão perturbada que eu nem me dei conta que ele caíra da mochila. Felizmente ela não o leu, pois ele tinha tranca.
- O que me diz, Angélica?!
Eu não tinha escolha. Não podia alegar nada. Bloody Mary deveria estar rindo naquela hora, pois estava acontecendo justamente o que ela queria: eu levando a culpa pelo que ela fez!
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Fui até a sala e nem me despedi dos meus amigos. Foi a última vez que eu os vi na minha adolescência, pois fui embora para a casa dos meus avós. Fiquei com eles até os meus 25 anos, quando terminei minha faculdade de jornalismo.
Nesse tempo eu tentei me afastar dos acontecimentos. Em vez de eu ir até São Paulo visitar meus pais, eles vinham até o Rio me ver, umas três vezes por ano. Eu sentia saudade de tudo, mas fazer o quê?
A Bloody Mary sumiu da minha mente, mas até que um dia infelizmente ela voltou.
Eu estava tomando banho, tinha acabado de chegar exausta do trabalho. Eu trabalhava na revista Flash (fofocas, moda, essas coisas).
Me enxuguei e, como eu sempre gostava, me vestia na frente do espelho. Eu morava sozinha em São Paulo e no banheiro da minha casa tinha um espelho enorme.
Vi, no reflexo do espelho, vindo atrás de mim, uma garota loira segurando uma vela. Ela queria me pegar!
Eu dei um grito e fechei os olhos, me encolhendo , numa tentativa fútil de me teletransportar, não sei. Olhei para trás e não vi ninguém. Mas ela tinha voltado e queria acabar com a minha vida!
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