Uma menina nova chegou à nossa turma.
Um pouco desconfortável, sentou-se na 4ª carteira da fileira da janela e as outras meninas não estavam com vontade de conversar com ela, ainda mais porque parecia ser metidinha. A princípio ela me lembrou a Fran e por isso gostei dela.
João costumava contar da Fran, viciada em pagode e novamente morando na cidade em que nasceu porque curtia mais viver na fazenda com os pais e sempre perguntava de mim. Eu ficava super feliz ao ouvir notícias dela.
-Sou Aline, professor.
-Aline, Aline... Seja bem-vinda ao nosso colégio.
-Obrigada.
-Tita é a aluna mais aplicada da classe e caso esteja atrasada na matéria, pode pedir o caderno dela.
Os meninos estavam mais interessados em jogar tazo. Minhas amigas estavam falando mal da novata. Eu me via um pouco nela, por isso não entrei na onda delas de zoar sem nem conhecer. Sabia como isso era horrível.
Aline voltou para seu lugar e mesmo a aula de geografia estando super interessante, queria conversar com a novata. Na nossa classe só entravam meninos e um mais escroto que o outro.
Prof Vando podia agir como um mala diversas vezes, mas nunca ninguém explorou tão bem as bacias hidrográficas e a geopolítica como ele. Mesmo não sabendo desenhar mapas, não tirava menos de 9 em geografia e não entendia como a lesada da Mari Franco iria levar bomba. Também pudera, ela só pensava em namorar e virar adolescente, apesar de que com 11 anos ela já parecia ter uns 13 e eu mesmo com o boné com a aba virada ainda continuava com cara de 10.
Aline estava mais interessada em mexer na sua agenda cheia de clips, embalagens e sem o prof ver, ouvia música no fone de ouvido... Pelos riffs já curti: era As long as you loved me – Backstreet Boys. Mandei-lhe um bilhete e em seguida ela respondeu. Na 2a aula grudamos nossas carteiras e acabamos ouvindo música juntas na entediante aula de Artes.
-Tita?Adorei seu apelido.
-Na verdade meu nome é Renata, mas eu só gosto que me chamem de Tita.
-Você tem moral. Até o professor te chama de Tita.
-É... – cocei a cabeça tentando pagar de pop – Você é de outra cidade, né?Como é que era lá?
As outras meninas fizeram o piquenique sem a minha presença, mas eu não me arrependi de ter passado o intervalo com a Aline, pois juntas dividimos muitas balas e ela me contou muitas coisas sobre a cidade dela. Iria voltar para passar o feriado por lá, por isso Aline só permaneceu até metade do 4º tempo, quando saiu e se despediu de mim.
Eu logo tratei de enturmá-la porque sei como é ruim não ter amigos, perder os maiores agitos e não queria isso pra ela, por isso a endeusei pra galera gostar dela, porém as meninas estavam irredutíveis.
-Essa guria deve ser uma patricinha. – Mari Oliveira desabafou
-Você nem falou com ela! - retruquei
-Só pelo jeito dela já dá a entender... – Mari Franco se intrometeu
-Vocês são umas idiotas mesmo. A Aline é super gente boa e vocês estão perdendo de conhecer uma menina super legal que podia entrar pra nossa turma.
-Na nossa turma ela não entra! – as meninas gritaram juntas
-Invejosas.
-Que seja... Essa guria é uma metida e a gente vai fazer da vida dela um verdadeiro inferno depois do feriado.
E durante o feriado visitei minha prima de 2º grau, com ela conversei e rezei muito para que não fizessem nada contra a Aline quando voltássemos, porém, eu preferia que tivessem feito.
-Conta mais, Aline.
Quando cheguei, no dia 9, encontrei as meninas sentadas na carteira do professor rodeando e bajulando a Aline.
-Sério, Aline?
-Oi...
Acenei em alto e bom som. As gurias nem notaram. Algo estava muito errado.
Tazo *__*
ResponderExcluirEra tão bom jogar tazo. Ser criança nessa época era d++++ tanto que sinto falta até hoje kkkk...
ResponderExcluirEu até cheguei a jogar rsrssr
ResponderExcluirEsses dias aí eu lembrei dos tazos do Pokémon e das caçulinhas... deu uma saudade, mas eu nunca consegui achar o Pikachu... kkk
ResponderExcluir